Trilhar um caminho desconhecido não é tarefa simples: requer escolhas, sacrifícios, abdicação, entrega e resiliência. É o tipo de percurso feito gradativamente, em que cada conhecimento adquirido pode ser determinante em uma situação futura, assim como a vivência prática pode transpor toda a teoria dos bancos da escola. Aquela regra de três do ensino fundamental pode ser crucial para a resolução de um problema anos depois da sua formação em Filosofia. Ou toda aquela teoria trabalhista do curso de direito pode ser descartada com a promulgação de uma nova lei.
A CAMINHADA NÃO É FÁCIL, MAS NÃO PRECISA SER UM FARDO E NEM PRECISA SER SOLITÁRIA.
Somado às incertezas da vida vêm a cobrança (interna ou externa, ou, por quê não, tá pouco, as duas) pelo sucesso financeiro e/ou profissional, ser uma referência respeitada, encontrar significado para a vida em uma atividade. A caminhada não é fácil, mas não precisa ser um fardo e nem precisa ser solitária.
A mentoria CAIS pode ser uma alternativa eficaz para trazer mais leveza a essa jornada, pois consiste na interação entre indivíduos dispostos a atingir um objetivo comum. A dinâmica consiste na presença de um mentor, profissional habilitado, competente e com anos de experiência na sua área de atuação, e na presença do mentorado, estudante, em processo de formação na área ou por vezes também já profissional habilitado, com pouca ou nenhuma experiência prática. E aí surge a pergunta: que objetivo comum pode haver entre esses dois? A resposta parece clichê, mas é extremamente verdadeira, o aprendizado.
O MENTOR APRESENTA CAMINHOS NOVOS, NÃO IMPÕE, POIS O MENTORADO VAI ASSIMILAR DE FORMA INDEPENDENTE AQUELE APRENDIZADO E APLICAR NA SUA REALIDADE, DE MANEIRA IDÊNTICA OU PROMOVENDO ADAPTAÇÕES.
Cabe ao mentor ser um bom escutador e identificar em quais habilidades o mentorado precisa de auxílio. O aspecto mais desafiador na escuta é decifrar as habilidades socioemocionais (soft skills) que demandam auxílio, dada a subjetividade na comunicação desse tipo de aptidão. O mentor compartilha com o mentorado suas vivências, dicas, insights, alternativas, rotas, soluções, enfim, toda a experiência acumulada pelos anos de prática, com a finalidade de auxiliar o mentorado a ser independente e a lidar com problemas presentes e futuros, assim como a alcançar metas nessa caminhada. Ele propõe o aprendizado através de tarefas, leituras, práticas e reflexões com base nos erros e acertos que obteve ao longo da carreira. O mentor literalmente apresenta caminhos novos, não impõe, pois o mentorado vai assimilar de forma independente aquele aprendizado e aplicar na sua realidade, de maneira idêntica ou promovendo adaptações.
O mentorado traz para essa dinâmica dualista a renovação, o frescor, a perspectiva diferente, e contribui para enriquecer o arcabouço do mentor, com a atualização dos contextos profissionais mais recentes e questionamentos nunca antes pensados pelo mentor.
Em síntese, a mentoria é uma via de mão dupla para troca de conhecimentos e práticas profissionais, possibilitando ao mentorado alcançar metas e solucionar problemas com maior eficácia, em menor tempo e de maneira mais assertiva, assim como possibilita ao mentor revisitar suas práticas e contextualizá-las em situações mais contemporâneas. O resultado é um somatório de ganhos!
Suane Santos é servidora pública, advogada, escritora de ficção e voluntária da Cais Mentoria. Acredito que as reviravoltas da vida permitem que a gente encontre caminhos diversos e construa histórias marcantes..
Marcelo Seixas é um quase cientísta, um aspirante a agricultor, um inventor amador, um capitalista domesticado. Já foi professor de inglês, auxiliar para assuntos administrativos, professor de física, assistente de laboratório e sismólogo de produção. Hoje ele vive a margem e no centro do sistema ao mesmo tempo e dedica sua vida a qualquer projeto que pareça agregar qualquer aprendizado a ele e a outros.